Estão a ver aqueles gremlins fofinhos, amorosos, que só apetece apertar e dar beijinhos, mas que se transformam em pequenos monstrinhos quando entram em contacto com a água ou são alimentados depois da meia-noite? Pois é. Por aqui tem sido mais ou menos assim. O Dinis continua a ser um bebé fofo e amoroso, mas a transformação pode ocorrer a qualquer momento e por qualquer motivo que vocês, coitados, nunca mas nunca vão ser capazes de identificar. Estás com pressa e vens carregada de tralha e carregaste no botão do elevador, em vez de lhe pegares ao colo para ele carregar? Deste-lhe meia bolacha e não uma inteira? Deste-lhe a banana em rodelas, em vez de inteira? A água não está no biberão que ele quer? Como te atreves?! O drama. O terror!
Os sinais foram aparecendo e nós fomos ignorando. Fomos culpando os 4 caninos, que resolveram começar a romper todos ao mesmo tempo ou a ausência temporária do pai durante a semana, como já expliquei aqui. Mas a verdade é que a fase do "NÃO!" veio para ficar, e mesmo assim, em maiúsculas.
Tudo é "Não!" por aqui. Todas as perguntas que se fazem têm "não" como resposta, beijos e abraços vêm sempre acompanhados de um grande "Não!!" e afastamento ou fuga! Mesmo as coisas que me pede, como água, são rejeitadas imediatamente quando lhas dou. É difícil convence-lo a vestir-se e igualmente difícil convence-lo a despir casaco e descalçar-se quando chega a casa. Quando o vou buscar à creche recusa-se a vir comigo, e tirá-lo efectivamente de lá é tarefa para 10 homens bem treinados. A sério, malta do crossfit e afins, liguem-me! O verdadeiro treino está aqui, e sinceramente estou cansada de ter que explicar aos outros pais que sim, esta criança que estou a levar aos berros e a espernear é mesmo o meu filho; e que não, não sou uma maluca qualquer a raptar crianças de creches onde consegui entrar à socapa.
Claro que no início panicámos todos aqui por casa. Eu e o Pedro desenvolvemos um ligeiro sindrome pós-traumatico, e os animais estão notoriamente a manter um perímetro de segurança. Mas estamos a lidar com isto. Fiz alguma pesquisa (sim, eu sou dessas), e desenvolvemos algumas estratégias positivas para o ajudar quando tem um destes episódios, mas o mais importante a reter é que isto é perfeitamente normal.
O facto de descarregar todas as suas frustrações nos pais (especialmente na mãe, devo dizer...) é também um óptimo sinal. É sinal de que o vínculo emocional é forte, e que quando está connosco, sente que pode ser quem é, e que nós não vamos a lado nenhum, não o vamos deixar, somos o seu porto seguro.
Como estamos, então, a lidar com isto? Primeiro, com muita calma e paciência, aparentemente. Respiramos fundo. Tentamos controlar a birra para que não se magoe (nem a mais ninguém). Vamos explicando tudo o que se está a passar, e porque se sente tão chateado com a vida - por exemplo, quando tem cocó e tem mesmo que mudar a fralda. Mesmo que achemos que ele não percebe patavina do que estamos a dizer, ir falando com ele de forma tranquila penso que o ajuda.
Tentamos estimular a autonomia com pequenas coisas. Deixamos, por exemplo, que escolha entre duas camisolas, antes de se vestir. Deixo-o escolher qual a fruta que come ao jantar. Executa pequenas tarefas simples sozinho, como comer e lavar os dentes. Tentamos que faça as coisas por imitação: mostro-lhe que estou a despir o meu casaco e a tirar os sapatos. Com isto ele quer fazer o mesmo, e elogio quando o faz. Damos
E no meio disto tudo aguardamos pacientemente que o "Sim!" surja nas nossas vidas. Repetimos o mantra "Um dia o sim vem......um dia o sim vem.....um dia o sim vem..." e vamos aprendendo e absorvendo todas as outras coisas MEGA giras que esta fase também trouxe! As palavras novas que diz, a sua forma de pensar e resolver problemas, as brincadeiras cada vez mais evoluídas!
Quando o sim aparecer, nós avisamos!