segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Os bebés e as mudanças

Quando o Dinis entrou para a creche eu sofri um bocado. Sou uma pessoa que sofre muito por antecipação, e nunca, nunca, nunca tinha estado longe dele. Foram 4 meses e meio sempre com ele ao colo, pendurado no meu peito, a falar com voz de bebé e a sobre-desenvolver os músculos do braço esquerdo a segurá-lo, enquanto arrumava, lavava, executava 30 mil tarefas sobre-humanas com o braço direito.

Mas ele lá foi. E aos poucos fui-me habituando à ideia de serem outros braços a dar-lhe colo, a levar a colher à boca, outras mãos a mudar-lhe a fralda, outro colo a consola-lo, na minha necessária ausência.

E a creche onde o Dinis está é maravilhosa! Gosto tanto das pessoas que estão com ele! Adoro ir busca-lo e encontra-lo feliz! Adoro que ele queira transitar entre o meu colo e o da auxiliar, enquanto ela me conta o dia dele. E adoro - adoro - o entusiasmo com que me contam o que ele fez durante o dia, as gracinhas, as fitas, as novidades! Sempre saí de lá feliz e satisfeita.

E agora o Dinis vai sair do berçário. Tem 15 meses e ainda não anda, mas é o mais velho do berçário, há bebés pequeninos a chegar, assim como se espera que a convivência com meninos que andem o possa estimular a querer fazer o mesmo. Quando cheguei e a auxiliar me disse "mãe, tenho que falar consigo. o Dinis vai fazer adaptação à sala verde!" eu fiz a minha melhor poker face. Fiz um sorriso, disse que era tudo normal, mas no fundo estava a agarrá-lo com um bocadinho mais de força. Oh diabo... como ousam dizer que o meu menino já não é um bebé? Não, não, há aqui algum engano!

O meu primeiro instinto foi fugir, vir para casa, espetar-lhe uma chupeta, encaixá-lo na alcofa embrulhado numa manta e pronto, estava o assunto arrumado. Mas a vida é mesmo assim, não pára, tem o seu ritmo normal, e acabei por aceitar a transição com alguma naturalidade. Não estava ansiosa, estava entusiasmada por ele ir conviver com meninos de idade mais próxima, ser estimulado de forma diferente!

Até que um dia me atrasei, e fui busca-lo um pouco mais tarde. Já havia poucos meninos na creche, e estavam a juntá-los a todos na mesma salinha - a sala verde, para onde o Dinis há-de ir. E ele estava num pranto, numa gritaria.. Recusou-se a entrar lá, mesmo ao meu colo. E isto aconteceu dois dias seguidos. Chorava, gritava, esperneava. Fiquei muito apreensiva. Ele está tão apegado às meninas do berçário, ao mimo, à atenção. Os bebés novos a chegar e a precisar de atenção e dedicação... penso que ele sentiu muito! Além disso, sendo o único menino que não anda, achei que poderia sentir-se intimidado com tanta agitação e correria. Pedi que na 2ª feira (hoje), em vez de o levarem para o berçário e depois para a sala verde, o levassem logo para a sala verde. De manhã, quando ainda está tudo mais calmo, e a agitação aumenta gradualmente.

Não sei se foi isso ou não, mas hoje liguei para lá a meio da manhã, e o Dinis estava na sala verde a brincar muito satisfeito. Almoçou no refeitório com os outros meninos, e voltou ao berçario para dormir a sestinha! Chegou a casa, e deu uns passitos sozinho!

Fosse o que fosse, passou, e o meu macaquinho lá se está a adaptar, e mais uma fase do crescimento está quase ultrapassada. As mudanças são tão difíceis para nós que as conseguimos compreender, quanto mais para um bebé de 15 meses! Algo o incomodou. Algo que hoje não teve a mesma importância e impacto, ou que ele lá arranjou forma de contornar. E cada vez mais compreendo que não podemos stressar, não podemos ficar ansiosos, ou até desejar que o tempo passe! Eles têm mesmo o tempo deles.

"Nunca mais se senta!"
"Nunca mais gatinha"
"Não diz nada!"
"Não quer comer a sopa"
"Estou ansiosa que ande!"

O tempo passa. As coisas passam, todas passam!

E no meio disto tudo, Ana e Laura, vamos sentir a vossa falta!! Eu sei que o Dinis vai, mas eu também. Nunca ninguém se vai entusiasmar tanto quanto vocês. Mil obrigadas! <3

Sem comentários:

Enviar um comentário